Quando falamos da planta cannabis, lidamos com mais de 400 moléculas diferentes. Estas incluem os canabinóides que são estudados com maior frequência, tais como o THC e o CBD, e mais de 100 outros canabinóides menores, dezenas dos terpenos e uma série de flavonóides, cuja combinação varia de acordo com a estirpe da planta cannabis.
Embora a maioria dos trabalhos tenha sido realizada sobre os canabinóides individuais, em particular o THC e o CBD, se Você quer encontrar umas conclusões sólidas sobre como eles afetam o sistema imunológico, pense novamente.
O THC sempre estava em foco da maior parte de estudos científicos. O THC liga-se ao receptor CB2 e ativa-o, produzindo assim o efeito anti-inflamatório. Isso sugere a conclusão que o THC é imunossupressor. Assim, o THC é considerado ser promissor para as doenças autoimunes, tais como a doença de Crohn e a esclerose múltipla. O CBD apesar da pouca afinidade de ligação com os receptores canabinóides, também é considerado imunossupressor, reduzindo a produção de citocinas e inibindo a função das células-T.
Mas isso é apenas uma parte da história. A nova onda de pesquisas e umas evidências empíricas apontam para o fato de os canabinóides terem o efeito adaptativo e imunomodulador além da capacidade de suprimir a atividade imunológica.
A cannabis medicinal é um tratamento paliativo bem definido para o HIV graças à capacidade da planta de reduzir a ansiedade, melhorar o apetite e aliviar a dor. Entretanto, as pesquisas mais recentes valorizam o impacto do THC ainda mais, sugerindo que ele pode realmente regularizar o sistema imunológico e melhorar potencialmente os resultados do tratamento dos pacientes.
Inicialmente, as pesquisas pré-clínicas comprovaram o fato de que o THC era imunossupressor no caso de HIV, aumentando a carga viral e agravando a doença. As pesquisas mais recentes, entretanto, sugeriram os efeitos imunoestimulantes.
O estudo realizado em 2011 pelos cientistas da Universidade Estadual da Luisiana revelou os resultados surpreendentes quando o THC foi dado aos macacos com antecedência de mais 28 dias antes de serem infetados por SIV (a versão símia do vírus). O THC parece ter algum tipo de efeito protetor, prolongando a vida dos macacos e reduzindo a carga viral.
Os cientistas descobriram que a quantidade de células imunes que combatem a infeção era mais elevada nos doentes com HIV que consumiam cannabis.
O esudo adicional realizado pela mesma equipa em 2014 levou estes resultados a um passo mais para frente. Desta vez, os macacos começaram a tomar o THC dezassete meses antes de serem infetados pela infeção SIV. Isso tanto causou o aumento das células-T e redução da carga viral, como levou a conclusão que o THC parece ter protegido os macacos contra os danos intestinais normalmente causados pelo vírus.
Estes resultados excitantes também foram replicados em humanos. Durante o estudo efetuado pelos cientistas das Universidades da Virgínia e Flórida, a quantidade de células brancas no sangue CD4 e CD8 foi comparada em 95 pacientes infetados por HIV, alguns deles eram consumidores crónicos da cannabis. Os cientistas descobriram que os dois tipos de células imunes que combatem a infeção eram presentes na quantidade mais elevada nos doentes que consumiam cannabis, o que leva a conclusão que o seu sistema imunológico foi reforçado pela planta.
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